A banda Aeroplano, de
Belém do Pará, lança seu mais novo trabalho. Intitulado de A Ditadura da
Felicidade, o álbum nos trás 10 ótimas faixas, onde a preocupação da sonoridade
das músicas é notória logo de cara.
Impossível não perceber
o crescimento musical dos rapazes nesse novo trabalho. O álbum é maravilhoso e está disponível gratuitamente para download ( www.aeroplano.mus.br ) no Site Oficial da banda!!
Abaixo, segue a
entrevista que o Som Independente fez com a banda. Confira.
Som Independente: Como foi a gestão desse novo trabalho?
Aeroplano: Há mais ou menos um ano, passamos a nos dedicar à composição de um
trabalho novo, pra um disco novo mesmo. Já estávamos cansados do repertório do
Voyage (desde 2011) e com uma cena que tem suas limitações como em Belém, acho
que como qualquer cena local. Foi tudo um contra ponto ao que tínhamos feito no
disco anterior, agora que percebi, desde a quantidade de dinheiro investida até
a maneira como as músicas foram feitas e como ficaram. O Voyage era mesmo
pretensioso em algumas coisas, não à toa uma das músicas foi parar como clipe
na MTV e tocou por um bom tempo. O Ditadura da Felicidade é mais pé no chão, as
músicas são mais diretas e praticamente todo o trabalho foi feito por nós
mesmos. Gravamos no home studio do Diego, nosso guitarrista, que foi quem
produziu o disco e mixou. Masterizamos com Ivan Jangoux, um competentíssimo
profissional local e a arte e conceito visuais foram feitos pela Talitha
Lobato, dois grandes parceiros nossos nesse trabalho. Etapas como Imprensa e
distribuição também estão a nosso cargo. Muito trabalhoso, mas até então tem
saído do nosso jeito, de acordo com nossos planos.
SI:
Ao ouvir o álbum, notei uma carga emocional muito grande, e fui levado a uma
nostalgia muito boa, onde me transportou para a minha infância e adolescência.
Isso foi proposital no álbum?
A:
O disco é mais animado mesmo, soa até mais jovem. Acho que é muito porque a
gente chegou numa idade, 29, 30,31, que deixa de ligar pra alguns detalhes
bestas, e isso deve ter rejuvenescido o contexto da obra. Os arranjos das músicas
são simples, a estrutura é direta. Em "Drogaditos" ocorre mesmo um
cotejo conceitual entre a letra que observa o uso e comércio descontrolado de
medicamentos, como isso ficou natural na nossa sociedade em nome das grandes
indústrias e do grande capital, e a relação dessa letra engraçada com um refrão
pesado, "vamos nos drogar" e um arranjo bem lúdico, quase infantil.
Mas se for sacar mesmo, rola todo uma referência a grandes bandas em termos de
timbres de guitarras e bateria, de uma época em que havia um abuso generalizado
das drogas ilícitas no meio das bandas de Rock.
SI:
Então a banda está “apurando”, ou seja, envelhecendo, da melhor forma possível?
A: Isso, apurando é ótimo (risos), envelhecendo mesmo,
amadurecendo como é de se esperar. Sempre admiramos bandas que mudaram seu som
ao longo de seu trabalho, como Rush, Radiohead, Wilco, Porcupine Tree, tudo
isso decorrente das experiências que passamos ao longo do tempo. Acho que
estamos conseguindo fazer isso da melhor maneira possível, sim.
SI: Esse lance de gravar um álbum em casa ou em outro lugar que não seja em uma grande gravadora, está cada vez mais normal e tem dado muito que falar por vários fatores como o principal que é a verba. Como foi gravar o Ditadura da Felicidade nesse novo formato?
A: Sem
dinheiro não se faz nada. Com o Voyage, nós investimos muito em gravação e em
cópias de disco, o que não deixou quase nada pra divulgação e outras ações.
Dessa vez, em função de o Diego (Fadul, guitarrista da banda) ter começado a
trabalhar com produção musical e a gravar com uma qualidade suficiente,
decidimos fazer todas estas etapas de produção, gravação e mixagem por nossa
conta. Gravar sozinho é muito trabalhoso se você for cuidadoso com o que está
fazendo, porque, apesar do tempo livre pra conseguir acertar aquele arranjo ou deixar
daquele jeito que você quer, o que é bem complicado em estúdio, onde tudo é
bastante corrido, tudo fica nas suas mãos. Todas as decisões passam por você e
tem que haver um respeito e um equilíbrio muito bem estabelecido entre os
integrantes, sem uma pessoa de fora pra dirigir a gravação. Sobre equipamentos,
tivemos acesso a microfones, interface, instrumentos, amplificadores muito
bons, sempre trabalhamos com equipamentos bons, achamos que é o caminho que nos
leva pra mais próximo do profissional. Foi exaustivo e trabalhoso, mas pela
resposta que estamos tendo das pessoas agora ouvindo o disco, valeu bastante a
pena.
SI: Bem galera,
agradecemos imensamente pela entrevista. Desejamos sucesso cada vez mais para
vocês. E gostaríamos que vocês deixassem um recado para os fãs e a galera que
está conhecendo o trabalho da banda agora.
A: A gente é
que agradece pelo contato. O que fazemos aqui de trabalho não seria nada se não
tivesse gente como vocês da Som Independente pra ajudar a divulgar e chegar nas
pessoas. Queremos que as pessoas ouçam esse nosso trabalho e tentem entender o
que a gente quer passar, que no disco a gente fala de preconceito, de falta de
liberdade, de amor, de segurança pública, de muitos temas importantes. A nossa
música hoje é um meio para que consigamos contribuir com a sociedade com o
melhor que a gente puder. E que cada uma das pessoas que gostam do nosso som
também se manifestem assim.
Por
Márcio Ferreira
Equipe
Som Independente
Veja abaixo o vídeo da música
Bazar, em uma apresentação da banda.
0 comentários:
Postar um comentário